Vêm se arrastando desde o começo das gestão do governador Mauro Mendes, as questões de pessoal e de finalidade da empresa de assistência técnica e extensão rural, a Empaer-MT. No primeiro momento, o governador alegou a pouca finalidade da empresa na atualidade, e no segundo momento, a existência de alguns funcionários remunerados acima da média razoável.
Resultou num plano de demissão voluntária que afastou os mais antigos e os melhor remunerados. No segundo passo, a dispensa de 62 servidores contratados em processo seletivo realizado há 31 anos pela empresa. Evidente que causou muita comoção na empresa. Mas além da comoção social, vieram as discussões sobre o futuro da empresa. Este artigo quer entrar nessa área.
Na semana passada entrevistei o economista Vivaldo Lopes, um dos profundos conhecedores da empresa. Exatamente sobre o seu futuro. Vamos desenvolver o seu raciocínio. Na medida em que o governo estadual enxugou a empresa ao nível mínimo e não anunciou um plano para o seu futuro, cabem algumas especulações. Lembrando antes, que o agronegócio comercial que hoje é um sucesso absoluto no Estado, a partir da década de 1970 teve fortíssima mão dos governos federal e estadual como um projeto estratégico de desenvolvimento estadual e de ocupação do território vazio da época. Ainda hoje esse apoio está, por exemplo, na Lei Kandir que isenta de impostos estaduais a exportação de grãos e de algodão.
Evidente que esse apoio oficial deu os resultados esperados. Nada de mal. Agora a questão da Empaer e a do agronegócio familiar. São cerca de 125 mil famílias que vivem no entorno da agricultura familiar e respondem pelo abastecimento de produtos fora da pauta dos exportados como o milho, a soja, o algodão, o etanol e as carnes. Somam perto de 600 mil pessoas ou 20% da população de Mato Grosso.
É um setor que precisa de organização, apoio técnico, de cooperativismo, de comercialização e de se transformar em setor de empreendedorismo lugar das improvisações tão comuns.
Do que estamos falando então, questiona Vivaldo Lopes? Fala-se na sinalização de como o governo de Mato Grosso vai tratar o agronegócio familiar que produz 70% do que a população consome. Seja através da própria Empaer atual, ou remodelada ou ainda cooperativada no formato de prestação de serviços. No centro da questão a estrutura específica do governo, quem sabe, produziria o pensamento da gestão estratégica da agricultura familiar, que seria executada via cooperativas prestadores de serviços, por exemplo. Lá atrás foi assim com o atual agronegócio comercial.
O fato, pra encerrar, é que tudo o que aconteceu pode reverter numa virada estratégica pra um setor que promete crescer muito nos próximos momentos, em consequência do crescimento da economia e de todos os desdobramentos naturais. Os dois agros, o comercial e o familiar, parecem ser o carro-chefe da próxima fase da economia de Mato Grosso. Sem contar o fator social de renda, de emprego de estabilidade social.
Onofre Ribeiro
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