No primeiro trimestre de 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o Brasil tinha 14,8 milhões de desempregados. Isso corresponde a 14,8% da população economicamente ativa do país, calculada em 48,6 pessoas na faixa produtiva da sociedade. Entre jovens de 18 a 24 anos, 31% de desempregados.
A questão do desemprego é um problema conjuntural do Brasil. De certo modo, do mundo inteiro. Mas aqui, ela tem cara e identidade próprias. A raiz dessa taxa de desemprego está na economia que não cresce na medida das necessidades. Mas está também no despreparo da juventude para os postos de trabalho que vão se abrindo na economia.
Se a economia estivesse crescendo à razão de 5 por cento, por exemplo, o desemprego continuaria grande. A maioria desses desempregados já vem de muitas décadas. Na medida em que a economia foi diversificando postos de trabalho e acrescentando tecnologias, uma grande parte da população economicamente ativa perdeu lugar no mercado de trabalho. Pode se dizer sem medo de errar, que a maioria desses quase 15 milhões de desempregados jamais voltará ao mercado de trabalho.
Durante a pandemia a economia mudou muito. Vamos citar dois exemplos, apenas pra ilustrar como o mercado econômico e o de trabalho mudaram. O setor de turismo, que envolve uma série de cadeias produtivas, ao final da pandemia voltará completamente diferente e tecnológico via digital. Fábricas de produtos cada vez mais usando robôs e máquinas no lugar de pessoas.
O desempregado de 2020, no auge da pandemia, está desatualizado e uma grande maioria sem condições de se atualizar pra voltar.
Porém, tem camadas da área digital, tipo programadores de computadores, da área de softwares, de aplicativos, de designers gráficos, no marketing digital, por exemplo, não há profissionais disponíveis no mercado. São disputadíssimos. Mas o antigo digitador está desempregado. O vendedor de balcão de lojas, etc, também.
Em Mato Grosso um operador de máquinas agrícolas tem salário médio de R$ 8 mil mensais, mais moradia e outras vantagens. O tratorista está sem trabalho.
Então, olhando pro desemprego de hoje, temos a queda no crescimento da economia, a pandemia e o despreparo de desempregados jovens e adultos para voltaram ao mercado. Esse é um problema atual. Mas as escolas técnicas e a escola pública brasileira são incapazes de compreender a urgência da manobra de revisão de velhas teorias escolares, algumas com mais de 70 anos.
No passado recente, desde 1994, houve um grande esforço pra desconstruir a educação brasileira. Se o Brasil crescer, como já foi dito, haverá apagão de recursos humanos que demorará décadas pra ser preenchido. Pode parecer heresia pros mais nacionalistas, mas teremos que importar profissionais qualificados de outros países. E ao mesmo tempo, vermos o desemprego nacional crescente entre os despreparados jovens brasileiros.
Quando se falar em desemprego, há que se falar em educação, em assistência social aos desempregados e aceitarmos que se o Brasil crescer economicamente teremos máquinas no lugar de gente e os melhores postos de trabalho com imigrantes qualificados.
Onofre Ribeiro
onofreribeiro@terra.com.br | facebook.com/onofreribeiro
msn: astro285@hotmail.com